Cobertura » Jornalismo Político http://cobertura.jor.br Sat, 14 Mar 2015 12:41:58 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=3.9.40 Boechat: “Jornalista tem função social?” http://cobertura.jor.br/jornalista-tem-funcao-social/ http://cobertura.jor.br/jornalista-tem-funcao-social/#comments Mon, 23 Dec 2013 18:38:59 +0000 http://skybi.com.br/cobertura/?p=965 Na última parte da entrevista, o jornalista Ricardo Boechat dialoga sobre, entre outros assuntos, as pressões recebidas por parte das fontes e até mesmo do próprio veículo, as quais podem prejudicar a função fiscalizatória do jornalismo. O apresentador da BandNews FM e do Jornal da ...

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Na última parte da entrevista, o jornalista Ricardo Boechat dialoga sobre, entre outros assuntos, as pressões recebidas por parte das fontes e até mesmo do próprio veículo, as quais podem prejudicar a função fiscalizatória do jornalismo. O apresentador da BandNews FM e do Jornal da Band relembra de um episódio, no qual foi processado após criticar um desembargador que estacionou em vaga proibida e não foi punido, porque “deu uma carteirada” (identificou-se como autoridade) nos guardas. “[...] é difícil, no Brasil, você ganhar qualquer ação que tenha como antagonista um membro do judiciário, porque o espírito de corpo* obviamente é muito forte”, diz Boechat.

* corporativismo

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“O Jornalismo Político é um saco”, diz Boechat
Boechat: “Nós falamos demais, de muitos políticos”

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Boechat: “Nós falamos demais, de muitos políticos” http://cobertura.jor.br/boechat-nos-falamos-demais-de-muitos-politicos/ http://cobertura.jor.br/boechat-nos-falamos-demais-de-muitos-politicos/#comments Thu, 28 Nov 2013 17:45:55 +0000 http://skybi.com.br/cobertura/?p=881 Na segunda parte da entrevista com o jornalista Ricardo Boechat, a maneira de lidar com o próprio posicionamento político, para que o impacto na cobertura seja o menor possível, é a chave da discussão. Para o âncora do Jornal da Band, o repórter não deve ...

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Na segunda parte da entrevista com o jornalista Ricardo Boechat, a maneira de lidar com o próprio posicionamento político, para que o impacto na cobertura seja o menor possível, é a chave da discussão. Para o âncora do Jornal da Band, o repórter não deve envolver a informação com posicionamentos pessoais, políticos e ideológicos, nem mesmo morais, que possam interferir na exposição da notícia. Sobre os espaços destinados à política nos veículos de comunicação, Boechat afirma que não há pegadas na história do Jornalismo Político, “porque a superficialidade dos ‘animais’ da fauna e do que ela fazia é de uma volatilidade absoluta, atroz”.

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“O Jornalismo Político é um saco”, diz Boechat

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Jornalismo Político na rede: a variedade dos peixes http://cobertura.jor.br/jornalismo-politico-na-rede-variedade-dos-peixes/ http://cobertura.jor.br/jornalismo-politico-na-rede-variedade-dos-peixes/#comments Tue, 26 Nov 2013 14:52:48 +0000 http://skybi.com.br/cobertura/?p=888 A internet se tornou comercial no Brasil em 1995. Antes disso, era utilizada apenas por universidades e demais instituições voltadas para pesquisa. Ou seja, são quase 20 anos de existência, em paralelo com a história do Jornalismo na Internet, pois no ano seguinte nasceria o ...

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A internet se tornou comercial no Brasil em 1995. Antes disso, era utilizada apenas por universidades e demais instituições voltadas para pesquisa. Ou seja, são quase 20 anos de existência, em paralelo com a história do Jornalismo na Internet, pois no ano seguinte nasceria o Observatório da Imprensa, idealizado pelo jornalista Alberto Dines. Desde então, o Jornalismo na Internet vem se desenvolvendo e se aperfeiçoando, mas seu crescimento está mais rápido e em evidência de uns anos para cá, talvez por conta do aumento do número de pessoas com acesso à internet.

Dados de uma pesquisa realizada pelo Netview, do Ibope, no terceiro trimestre deste ano, apontam que o número de pessoas conectadas em casa, no país, é de 76,6 milhões, 4% a mais que o trimestre anterior. Segundo a pesquisa, nos últimos dois anos esse crescimento foi de 32%, quase 20 milhões de pessoas a mais, superando os demais países pesquisados – Alemanha (17%), Itália (7%), França (6%), Reino Unido (4%), Estados Unidos (1%), Japão (-3%) e Austrália (-6%).

Com mais pessoas capazes de se conectar sem sair de casa, aumenta-se também a quantidade de sites e blogs, assim como a oferta de informação – nem sempre de qualidade. Cada vez mais o internauta é tomado por uma overdose de notícias vindas de todos os lados na rede, não só pela imprensa tradicional, que pouco a pouco aprende a lidar com as novas tecnologias, mas principalmente com o surgimento de inúmeros blogs de gênero, os quais tratam de assuntos específicos, para um distinto público.

Esses blogs basicamente selecionam uma única editoria, inspirados nos jornais impressos, e se transformam em uma espécie de caderno, angariando mais visitas diárias em relação a outros tipos de endereços eletrônicos. Para o jornalista Ricardo Feltrin, apresentador do programa Ooops!, no portal UOL, toda essa situação é provavelmente a causa da queda recorde de Ibope de praticamente todos os telejornais da TV aberta, constatada por meio de uma comparação feita pelo colunista entre os meses de janeiro e agosto de 2012 e 2013.

Até 31 de agosto, por exemplo, o Jornal Nacional e o Jornal da Band perderam 12% de Ibope, enquanto o RedeTV! News teve perda de quase metade da audiência – 41%. Ao passar os olhos pelos comentários na publicação de Feltrin, a opinião da maioria é gritante. Para os leitores, o telejornalismo é manipulador, não proporciona reflexão e, por isso, perde credibilidade. Aí as pessoas partem para a web, onde as informações são dispostas a todo o momento e em ampla quantidade.

O redator-chefe do Observatório da Imprensa Luiz Egypto, no artigo O jornalismo na internet, fala que o Webjornalismo (ou Jornalismo Digital) precisa “transcender o noticiário puro e simples”, com repórteres auto exigentes e “do tipo que gasta sola de sapato, por mais sedutores que nos sejam os bancos de dados, os engenhos de busca, as redes sociais em geral”. Para isso, Egypto afirma que as novas redações carecem de profissionais “anfíbios”, ou seja, “capazes de conhecer a árvore, analisar a folha e ter segurança sobre os rumos de seus movimentos no interior da floresta”.

Porém, o jornalista Ricardo Noblat, autor do Blog do Noblat, no portal do jornal O Globo, acredita que a imprensa ainda faz mais jornalismo convencional na web do que Webjornalismo. “Nós usamos pouco os recursos que a internet nos oferece, porque escrevemos para web como se escrevêssemos para jornal ou revista”, comenta. Na mesma linha, a jornalista Marina Dias, da Folha de S. Paulo, acredita que na internet o jornalismo poderia ousar mais. “A internet tem espaço para você fazer qualquer coisa e em qualquer mídia. Você pode usar foto, vídeo, texto, podcast”, lembra.

Jornalismo Político, por Webjornalismo

Escrever sobre Jornalismo Político em sites ou blogs pode ser mais interessante considerando o fato de o jornalista ter mais espaço e liberdade para dizer o que pensa, sem ser tão pautado pelo editor – ou nem ter um, no caso de blogs pessoais – devido à necessidade de produzir conteúdo com agilidade. Para a historiadora Conceição Oliveira, autora do blog Maria Frô, a internet pode ser considerada um espaço democrático e que reúne profissionais sérios, que assumem um lado:

Noblat, de O Globo, defende que a web poderia ser utilizada para produzir Jornalismo Político com mais profundidade, o que a princípio é reservado aos jornais, mas segundo ele, nem os impressos o fazem. Além disso, a liberdade para escrever o que quiser depende do veículo ao qual o profissional é ligado. “Se ele estiver dentro de uma estrutura jornalística, na maioria das vezes tem que obedecer às orientações daquela organização”, explica. No entanto, o blogueiro afirma que a internet oferece, sim, a liberdade jornalística no sentido de que “sem dúvidas, qualquer um pode fazer seu blog ou seu site, escrever o que quiser e o que bem entender”.

O jornalista Luiz Carlos Azenha, autor do blog Viomundo, assegura que existem blogueiros ligados a grandes veículos e, portanto, respeitam a linha editorial dos mesmos. Todavia, para ele o Jornalismo Político na internet tem duas vantagens: “Por nem sempre ter objetivos comerciais, ou seja, visar lucro, oferece pontos de vista alijados do debate político (da extrema esquerda ao black blocs), onde só cabe o discurso tradicional dos partidos. E por não ter limitações de espaço pode publicar textos, relatórios, pesquisas e documentos aprofundados, que não cabem na mídia tradicional”, acrescenta.

“Quando falamos em internet, o jornalista é independente. O sujeito que é de uma empresa jornalística e trabalha na internet tem menos filtro, porque como é mais dinâmico, é mais difícil acompanhar o que ele está escrevendo. Então sai muita besteira, inclusive. Mas não tem liberdade nenhuma. A falta de liberdade é a mesma, no caso de grupos jornalísticos. A linha é única, independente de ser papel ou de ser internet”, expõe o jornalista Luis Nassif, apresentador do Brasilianas.org, na TV Brasil, e autor do blog Luis Nassif Online.

Mas então, como se faz Jornalismo Político para internet? É diferente comparado a outros meios de comunicação? Para Azenha, sim “já que aqui, pelo menos, não se pretende que exista a chamada ‘neutralidade’, em que o jornalista paira sobre os acontecimentos como se fosse um extraterrestre”. O blog dele, por exemplo, é de esquerda: “Vê o mundo com olhos de gente da esquerda”, destaca.

Para Marina Dias, da Folha, poderia ser diferente, pois tem todos os instrumentos para isso, mas não é. “Se investisse um pouco mais em todas as formas que a internet tem de dar a notícia, a imprensa faria um Jornalismo Político mais didático, completo e interativo. A internet é o futuro e com certeza o Jornalismo Político poderia ser feito de uma forma muito mais criativa, divertida, interativa e que despertasse o interesse do leitor”, cobra a jornalista.

Ela esclarece ainda que é repórter do impresso, porém, quando a notícia é urgente deve ser publicada no portal, também. “Quando a gente acha que não dá para esperar até o outro dia, eu publico no site. Eu vim a Porto Alegre para acompanhar o candidato Aécio Neves. Conforme ele ia fazendo as agendas eu escrevia pequenos textos e publicava no site. Aí, no dia seguinte eu fiz um ‘bem bolado’ de todos esses textos, para ir ao jornal e chegar às bancas mais completo e contextualizado”, exemplifica.

Segundo o jornalista Felipe Frazão, da revista Veja, a notícia política nem sempre é um fato concreto, mas articulação política, que se descobre por meio do bastidor, com fontes em off. E os blogs, para ele, são canais que possibilitam contar esse bastidor, “que às vezes não ganha tanto espaço num jornal ou apenas uma pequena coluna. É um bom espaço para trabalhar esse material, além de disputar os furos. Há uma rixa muito grande pelo blog que vai divulgar primeiro. Blogs eu digo no sentido daqueles hospedados em veículos de grande porte, como UOL, G1 e os da Veja.com, que têm um perfil mais voltado para a análise”, ressalta Frazão.

Contudo, o repórter admite que o jornalismo extremamente veloz da internet nem sempre é o melhor, porque não há tempo de transformar a informação em algo bastante compreensível ou com os mínimos detalhes, por mais que a apuração tenha sido feita com excelência. “Isso é só para o noticiário diário”. O jornalista e cronista Ricardo Chapola, de O Estado de S. Paulo, reforça que a ideia da web é que sejam explorados outros tipos de conteúdos, uma vez que nela existe a possibilidade de criar links, infográficos e vídeos ao longo das matérias.

“Você pode fazer um texto gigantesco, mas se você intercalar isso com outros tipos de conteúdos dá para fazer especiais legais. Eu já fiz especiais para o Estadão e dá, saem coisas ‘animais’. Só que infelizmente o pessoal ainda tem preconceito, mas isso vai mudar”, reforça Chapola, e comenta que poucas pessoas leem jornal nos dias de hoje. Para ele, pouco a pouco os leitores estão aprendendo a utilizar tablets, por exemplo, ou acessam as notícias por computadores e celulares. “Adaptar o conteúdo é um desafio do século 21”, frisa.

Em relação ao preconceito, o repórter explica:

As particularidades da rede

Seja a imprensa tradicional, seja o jornalismo independente, todos os repórteres, blogueiros, ou repórteres blogueiros enfrentam, cada qual, algumas dificuldades para atuar nesse meio tão influente que é a internet. Ricardo Noblat é autor do primeiro blog de Jornalismo Político da história do país. Segundo o colunista, a concorrência é sua maior dificuldade, visto que hoje existem milhares de blogs sobre o mesmo assunto. “Pra você dar um furo, dar uma notícia exclusiva, é muito difícil, porque tem muita gente atrás da mesma coisa. Então a concorrência é enorme”, alega.

Já Luiz Carlos Azenha enfrenta problemas relativos ao financiamento do Viomundo. Em março deste ano, o jornalista anunciou que fecharia o blog em razão de uma série de processos movidos contra ele, resultantes das críticas feitas à Rede Globo. Mas a situação foi revertida pelos próprios leitores, que financiam o jornalismo de Azenha desde então. “Decidi não aceitar patrocínio de governos, nem de empresas estatais ou públicas. Recorro aos leitores e aos anunciantes do Google, que são aleatórios e com os quais não mantenho nenhum vínculo direto – o Google escolhe para você”, conta.

Conceição Oliveira, do blog Maria Frô, relata que a judicialização* da blogosfera tem uma dimensão assustadora, como tentativa de impedir a liberdade de expressão e crítica. “Tem muita gente aí – políticos e jornalistas – processando blogueiros. O Ali Kamel (diretor de Jornalismo da Rede Globo), por exemplo, já processou, praticamente, a blogosfera progressista inteira: Marco Aurélio Mello, Rodrigo Vianna, Paulo Henrique Amorim, Luiz Carlos Azenha, Senhor Cloaca, Miguel Gomes e agora processou o Miguel do Rosário”.

A blogueira conta que tem inúmeros problemas, sobretudo porque ‘peita’ muito quando não concorda com alguma coisa. Mas ela afirma que, por mais que as dificuldades existam, é preciso fazer o máximo possível para exercer essa liberdade, porque “você gasta um tempo danado com o blog, tempo que você poderia estar fazendo outras coisas dedicadas ao ativismo, além de recurso. Então o mínimo que se pode ter é a liberdade de expressão garantida”, completa a ativista.

Thiago Dezan, integrante da organização Narrativas Independentes, Jornalismo e Ação (Mídia Ninja), levanta mais uma dificuldade: o processo de criação de um portal sem ligação com a grande mídia. Ele chama a atenção para os obstáculos que se encontram entre “levantar do zero” um site ou um blog e fazer com que cada vez mais pessoas falem sobre o que é publicado ali:

Outra característica do Jornalismo Político na internet, e que se faz presente em todo tipo de jornalismo que é feito para web, se deve à facilidade de interação – imediata – com o público. Por meio de ideias, propondo novos temas, sugestões e até mesmo críticas ao que está sendo consumido, o leitor colabora direta ou indiretamente com a construção das pautas.

Para Azenha, os internautas fazem de tudo: “pautam, escrevem, comentam, divulgam, discordam, sugerem etc. O jornalista recolhe seu pretenso pedestal e fica num canto, observando e mediando”, valoriza. Do mesmo modo, a filósofa Marilena Chaui considera os blogs de notícia uma forte tentativa para quebrar o monopólio da informação pelas empresas dos meios de comunicação. Entretanto, não vê nenhuma esperança libertária nas redes sociais. “Elas são efêmeras, desligadas do espaço e do tempo e não trabalham com o tempo da reflexão e da mediação do desejo, nem com a argumentação e o pensamento. Elas trabalham com a explosão instantânea das individualidades. E eu não acho que isso seja libertário”, sobrepõe.

Em contraponto, Marina acredita que o Facebook, o Twitter e até o Instagram se tornaram ferramentas importantes para divulgação de informações. “Você coloca uma notícia popular no Facebook e o nível de compartilhamento e curtidas é enorme. Além disso, eu acho que essa interação que a internet permite entre repórter e leitor é essencial”, opina. Para Felipe Frazão, da Veja, a influência dos leitores ainda é pouco explorada pela grande imprensa:

Azenha também aproveita para destacar a viralidade na rede que, segundo ele, tem relação com o ineditismo, mas também com um olhar diferente sobre um determinado assunto, algo que contribui para abrir o leque tradicional de pauta e de formadores de opinião “que sempre nos foram impingidos de cima para baixo pela mídia corporativa. Nas redes, você pode ser anônimo, pobre, negro etc. Se tiver uma boa ideia, se fizer uma crítica certeira ou escrever um artigo bacana, você vale tanto quanto os irmãos Marinho. Comparação ruim, já que intelectualmente eles valem muito pouco”, sublinha o blogueiro.

Conceição, por sua vez, conta que produz conteúdo bastante colaborativo, pois recebe inúmeras denúncias. Para ela, quando o internauta encontra respeitabilidade e confiabilidade num blog, ele passa a auxiliar na construção das pautas. “Um dia desses deletei quase 20 mil mensagens, porque simplesmente cheguei num ponto de não ter mais condições de trabalhar com tantos e-mails na minha caixa de entrada. E até brinquei, falei ‘olha, se você me mandou e-mail urgente, manda de novo porque eu deletei’. A demanda é absurda”, revela.

A imprensa nova

As épocas de mudanças tecnológicas e de ruptura no Brasil são marcadas pela resistência, experiências diversas e caos. Foi assim com o surgimento do rádio, da televisão, do telégrafo, do cinema e por aí vai. Depois, quando a atividade passa a se concentrar em grupos de poder, tem-se a tentativa de “sufocar” os demais. Luis Nassif acredita que nesse momento a imprensa enfrenta algo como o “caos criativo”, isto é, uma influência maior da velha mídia, em confronto com o crescimento do Webjornalismo. De acordo com Nassif, a Mídia Ninja é um caso.

“Eu não posso mais ser o dono da informação. Agência Senado, Agência Justiça, Agência do Ministério Público, Agência Câmara; isso é um volume de informações que está vindo, porque a notícia deixou de ser exclusividade da imprensa. Então digamos que hoje você tem esse furor criativo, que ainda vai se consolidar em novos modelos. É irreversível”, enfatiza.

O jornalista Fernando Mitre, diretor nacional de Jornalismo da Rede Bandeirantes, diz que a Mídia Ninja não é jornalismo. “Eles filmam aquilo e põem aquilo. Assim você não precisa ser jornalista. Jornalismo significa um processo de produção da notícia, que é complicado, exige experiência, muito trabalho e muita investigação. Segundo Mitre, o fato não é a notícia, mas o núcleo dela. “A notícia é o fato narrado. Depois de ter o fato em condições de ser narrado, você precisa dimensionar esse fato”.

E continua: “Depois que você dimensiona esse fato, você pode explicá-lo e até mesmo chegar à análise. Tudo isso faz parte do trabalho jornalístico”, completa o comentarista, que vê o funcionamento eventual da falta de edição apenas como informação original, mas insiste que jornalismo é muito mais do que isso. Ricardo Chapola, de O Estado de S. Paulo, compartilha da opinião. Embora admita que a organização tenha realizado uma cobertura boa e inédita durante as manifestações de junho, o jornalista entende por ousadia o fato de a Mídia Ninja dizer que faz jornalismo. “Eles passam a realidade, mas não peneiram, não refinam o que eles tem”, indaga.

Por outro lado, Marina Dias salienta que os ninjas encontraram nas manifestações um nicho que a mídia tradicional não conseguia utilizar. Com transmissões ao vivo dos protestos, por meio de uma câmera de celular, ela garante que milhares de pessoas apenas queriam ver os acontecimentos daquele jeito. “Tinha gente que queria ver sem edição, sem pente fino de nenhuma editoria de nenhum veículo”, comenta. Segundo Marina, as mídias independentes são uma forma alternativa ao jornalismo tradicional, algo necessário para a renovação jornalística.

“Acho que a gente precisa dar mais tempo para a Mídia Ninja, para ver o que ela veio oferecer, se é apenas mais um instrumento de propaganda de partidos, ou de um partido, no singular, ou se ela veio para ser uma forma alternativa de fazer jornalismo dentro da web. É muito cedo para se dizer”, recomenda Ricardo Noblat.

Por sua vez, o integrante da Mídia Ninja Thiago Dezan, afirma que qualquer pessoa pode produzir conteúdo informativo e divulgar na rede, uma vez que “qualquer um pode buscar, se capacitar, pode ler sobre o tema e passar a entender mais sobre ele e, principalmente, se desenvolver como profissional”; E complementa dizendo que essa habilidade só depende da vontade de cada um. “Cada vez mais as pessoas estão percebendo que elas podem fazer o que elas gostam e isso faz com que elas se mexam”.

* Faz com que tudo seja tratado como questão de processo.

Saiba mais
Lealdade ao interesse público

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“O Jornalismo Político é um saco”, diz Boechat http://cobertura.jor.br/jornalismo-politico-e-um-saco-diz-boechat/ http://cobertura.jor.br/jornalismo-politico-e-um-saco-diz-boechat/#comments Sun, 17 Nov 2013 23:00:08 +0000 http://skybi.com.br/cobertura/?p=817 Há exatos 40 minutos para o início do Jornal da Band e, consequentemente, em meio ao incêndio que precede o fechamento da edição, o Cobertura conseguiu uma entrevista exclusiva com o jornalista Ricardo Boechat, âncora da BandNews FM e do Jornal da Band. A cobertura ...

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Há exatos 40 minutos para o início do Jornal da Band e, consequentemente, em meio ao incêndio que precede o fechamento da edição, o Cobertura conseguiu uma entrevista exclusiva com o jornalista Ricardo Boechat, âncora da BandNews FM e do Jornal da Band. A cobertura política atual e as dificuldades enfrentadas por esses profissionais são os assuntos da primeira parte da entrevista. Para Boechat, se levado em conta o interesse público, as sucursais de Brasília exercem um peso excessivo no noticiário.

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Boechat: “Nós falamos demais, de muitos políticos”

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Brogna: “A imprensa manipula o noticiário” http://cobertura.jor.br/imprensa-manipula-noticiario/ http://cobertura.jor.br/imprensa-manipula-noticiario/#comments Thu, 14 Nov 2013 23:25:39 +0000 http://skybi.com.br/cobertura/?p=789 Para o jornalista Marcos Brogna, especialista em Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero e professor universitário de graduação e pós-graduação, a imprensa brasileira não faz uma boa cobertura política e manipula o noticiário. Ouça trecho da entrevista concedida para a série de reportagens “Das redes às ...

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Para o jornalista Marcos Brogna, especialista em Comunicação pela Faculdade Cásper Líbero e professor universitário de graduação e pós-graduação, a imprensa brasileira não faz uma boa cobertura política e manipula o noticiário. Ouça trecho da entrevista concedida para a série de reportagens “Das redes às ruas – A cobertura do Jornalismo Político Contemporâneo”, de Mariana Balam e Michele Trevisan.

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Política, substantivo sujo http://cobertura.jor.br/politica-substantivo-sujo/ http://cobertura.jor.br/politica-substantivo-sujo/#comments Wed, 13 Nov 2013 11:00:05 +0000 http://skybi.com.br/cobertura/?p=757 Ilustração: Carla Nardi O reflexo na fachada gigantesca do prédio na avenida Faria Lima, importante via de escritórios e corporações de São Paulo, me arrepiou. Era 18 de junho. Neste dia, milhões de pessoas saíram às ruas no Brasil, essencialmente contra o aumento das passagens ...

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Ilustração: Carla Nardi

O reflexo na fachada gigantesca do prédio na avenida Faria Lima, importante via de escritórios e corporações de São Paulo, me arrepiou. Era 18 de junho. Neste dia, milhões de pessoas saíram às ruas no Brasil, essencialmente contra o aumento das passagens de transporte público: os benditos vinte centavos os quais até hoje ainda tiram o sono de alguns.

Aquele dia, único do qual participei ainda um pouco ressabiado devido à pancadaria da polícia contra manifestantes na semana anterior, foi um marco não só para o país, mas para as redações de grandes veículos de comunicação que cobrem política.

No painel deve ter acendido a luz amarela e no começo ninguém entendeu nada. O fim da letargia de uma parte da sociedade brasileira, que desconhecia o sabor do gás de pimenta e o estrago que balas de borracha podem fazer na pele – e principalmente nos olhos – pegou a todos de surpresa. De imediato, as ações foram classificadas de vandalismo e baderna.

Até então, a fórmula era fácil: não importa o que aconteça, a culpa será sempre dos políticos – todos ladrões, bandidos e corruptos – e se sindicatos, movimentos feministas, de trabalhadores rurais sem terra ou gente sem teto saíam às ruas para exigir respostas políticas a seus problemas, os mesmos jornalistas, que culpabilizavam a classe política por todos os problemas do Brasil, faziam-se de surdos; a pauta simplesmente inexistia. Ou pior: tudo era sintetizado como problemas de trânsito causados por baderneiros. As generalizações eram a bússola.

Após o período de encantamento com os novos movimentos, voltamos à normalidade. As ações e excessos da polícia e de manifestantes viraram um combate entre as forças do bem e do mal, numa arena em que o Estado deve garantir a ordem e os “abusos” policiais se justificam ou serão apurados em um amanhã que nunca chega.

Por outro lado, a culpabilização dos políticos continua firme e forte nas páginas diárias, semanais e nas telinhas da tevê. Não que os escândalos não devam ser mostrados. Longe disso. Mas por que pensar que as únicas notícias de interesse público são as más notícias? (Acha que estou exagerando? Tente lembrar uma notícia boa trazida por um projeto de lei, por exemplo. Lembrou? Não? Agora puxe pela memória o último escândalo. Fácil, né?)

Talvez não sintamos falta das coisas boas porque nos parece que a política é um pântano escuro e traiçoeiro, em que só os iniciados, munidos de mapa, lanterna e um dicionário de termos técnicos, podem explorar, conhecer e entender.

Atrelada a isso, a superficialidade dos temas. Muitas vezes as notícias políticas são empanadas e servidas nos balcões da notícia à moda Nelson Rubens, sabe? Aquele do programa de fofocas. “Ok, ok! B-O-M-B-A! Eduardo Campos trai Dilma e é flagrado na casa com Marina.” E é nessa toada que entra o desafio que Ricardo Boechat, âncora do Jornal da Band fez, mais de uma vez, a Fernando Mitre, diretor nacional de Jornalismo da emissora e, portanto, seu chefe.

Boechat propõe que Mitre faça um exercício. Pede que ele recolha todos os comentários que fez sobre assuntos políticos (leia-se: movimentações partidárias, crises institucionais, um ou outro bastidor) e veja o que sobrou deles hoje; qual a validade que os assuntos têm, hoje, à luz dos novos acontecimentos.

O interesse do povo é proporcional ao grau de utilidade que ele pode dar para aquilo que está vendo. Se é útil e próximo a mim, eu presto atenção; se não, não faz sentido. O desafio é aproximar Brasília e seus atores de leitores e telespectadores de maneira envolvente, útil e cidadã. Só assim as pessoas passarão a se enxergar no reflexo dos prédios públicos como povo. O resto são apenas secos e molhados.

*

 

 

Diego Moura é estudante de Jornalismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo (SP).

Blog: Blog do Disimo – Textos para pensar
Twitter: @disimoura

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Mitre: “A obsessão pela fiscalização é um dever” http://cobertura.jor.br/obsessao-pela-fiscalizacao-dever/ http://cobertura.jor.br/obsessao-pela-fiscalizacao-dever/#comments Wed, 06 Nov 2013 18:21:59 +0000 http://skybi.com.br/cobertura/?p=702 O jornalista Fernando Mitre, diretor nacional de Jornalismo da Rede Bandeirantes e comentarista político no Jornal da Band, afirma que o discurso político no país está falido, e que é dever do jornalista traduzir o que acontece no mundo político. Para ele, as manifestações ocorridas ...

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O jornalista Fernando Mitre, diretor nacional de Jornalismo da Rede Bandeirantes e comentarista político no Jornal da Band, afirma que o discurso político no país está falido, e que é dever do jornalista traduzir o que acontece no mundo político. Para ele, as manifestações ocorridas no mês de junho desse ano são a prova de que as pessoas não se sentem mais representadas por essas pessoas, tampouco pela linguagem que é transmitida. Confira a entrevista.

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Jornalismo Político – história e renovação http://cobertura.jor.br/jornalismo-politico-historia-renovacao/ http://cobertura.jor.br/jornalismo-politico-historia-renovacao/#comments Tue, 05 Nov 2013 14:09:56 +0000 http://skybi.com.br/cobertura/?p=675 Faz exatos 20 anos que entrei para trabalhar pela primeira vez numa redação de jornal impresso. E de lá pra cá, muita coisa mudou. Desde as ferramentas para cobertura até o perfil dos jornalistas. Do ambiente político e econômico até a forma de manifestação ideológica ...

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Faz exatos 20 anos que entrei para trabalhar pela primeira vez numa redação de jornal impresso. E de lá pra cá, muita coisa mudou. Desde as ferramentas para cobertura até o perfil dos jornalistas. Do ambiente político e econômico até a forma de manifestação ideológica da população.

Naquele momento, o Brasil se adaptava a sua nova fase democrática, pós impeachment do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Na redação, a editoria de política era identificada facilmente pelas cabeças brancas e rapazes de cabelos desgrenhados e muitos de barba. A imagem mesclava experiência e ideologia. Ali estavam os jornalistas mais experientes e articulados do jornal.

Duas décadas depois, é possível encontrar pessoas bem mais jovens e variedade maior de meios para acompanhar o noticiário político. A principal responsável pela transformação nessa cobertura, sem dúvida, foi a internet, que mudou o perfil do público e também de mídia.

Ter boas fontes e conhecimento histórico para correlacionar os fatos continuam sendo cruciais para ser um repórter de política, mas isso não basta. É preciso estar conectado. É necessário monitorar as redes sociais e seguir as principais autoridades da sua área de atuação, preferencialmente recebendo alertas das postagens que elas fazem.

Muitas das pautas, hoje, surgem nas redes. Se antes, um político fazia uma provocação ao adversário e a resposta só surgiria no dia seguinte, após a publicação do jornal, agora é tudo praticamente imediato. Ação e reação. Explicações e desmentidos.

A mera manifestação de alguma autoridade no Twitter, por exemplo, às vezes vira uma crise de governo ou expõe um rompimento político que vem a galope. E o jornalista já tem de avançar para a repercussão do caso, com a possibilidade, inclusive, de verificar como foi a primeira reação da população por meio das redes sociais.

Mas, se por um lado a internet ampliou a discussão e debate das pautas políticas do dia com assuntos que muitas vezes nem terão espaço nos veículos tradicionais, por outro, virou um ambiente fértil para propagação de mentiras, calúnias ou mero bate-boca. Consequentemente, isso exige do jornalista político maior capacidade para filtrar o que é informação de fato.

Cobra também equilíbrio para que não entre na pilha das provocações que certamente receberá ao fazer alguma pauta que desagrade militantes de partido, A, B ou C. Jornalista sério não é militante político, é uma pessoa que busca a notícia, independentemente de que lado partidário ela esteja.

*

Roseann Kennedy é jornalista, colunista política da CBN e pós-graduada em Ciência Política e Economia. Recebeu o Prêmio Troféu Mulher Imprensa, na categoria Melhor Repórter de Rádio, em 2008, e foi finalista do Prêmio Engenho de Comunicação, em 2012, na categoria Melhor Coluna Política de Brasília.

Twitter: @roseannkennedy

Artigo elaborado exclusivamente para o Cobertura.

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“Ética é o conjunto de valores e princípios que você e eu usamos para decidir as três grandes questões da vida, que são: quero, devo e posso. Isso é ética. Quais são os princípios que eu uso? Tem coisa que eu quero, mas não devo. Tem coisa que eu devo, mas não posso. Tem coisa que eu posso, mas não quero. Quando você tem paz de espírito? Quando aquilo que você quer é o que você pode e é o que você deve.”

O filósofo e professor Mario Sergio Cortella, em entrevista ao Programa do Jô, na Rede Globo, utilizou estas palavras para definir ética, conceito presente na vida de todos, o qual está, especialmente, ligado ao bom desempenho da função do jornalista. Até porque investigar e checar, desconfiando da primeira informação que aparece, mesmo que esta seja a oficial, faz parte do “faro” jornalístico e não pode ser deixado de lado.

Porém, como se aproximar do governo e seus integrantes sem tomar “partido”? Será que o jornalista político se torna refém da sua fonte ou não há conflito de interesses? Para o professor de Ética e Filosofia Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Roberto Romano, há, sim, muito interesse.

“Na verdade isso é quase iminente em toda profissão, mas no Jornalismo Político mais ainda, porque você pode mexer com a ideologia do próprio jornalista, sua preferência política e a dependência econômica da empresa na qual ele trabalha etc.”, explica. “Então, o conflito de interesses, que se em toda profissão é uma coisa a se evitar ou, pelo menos, identificar, no caso do jornalismo é mais perigoso ainda”.

E Romano defende a existência da ética no Jornalismo Político, uma vez que ser ético não necessariamente significa ser correto:

Falando em preferência política, o jornalista Fernando Mitre, diretor nacional de Jornalismo da Rede Bandeirantes, acredita que a maior parte da imprensa está de um lado. “A mídia, em sua maioria, nesses últimos anos, apoiou claramente um lado da política brasileira, que foi o lado liberal. Em 1989 era uma coisa horrorosa a posição da imprensa contra o Lula. Eles tinham pavor do Lula. Ali era mais do que partidário, era engajado e, de certo modo, um aspecto forte desse tempo se mantém nos grandes jornais”, reconhece.

A jornalista Cristiana Lôbo, apresentadora do Fatos e Versões, na GloboNews, lembra que o bom repórter deve manter a isenção na cobertura. Já o analista, o comentarista, pode e deve avançar um pouco mais. “Criticar quando for o caso – aí, todos os atores da política e não só governo ou oposição. O Brasil, hoje, no entanto, está bastante dividido entre os que apoiam o governo e os que são contra; e esse racha se verifica também em setores da imprensa.”

Contudo, Cynara Menezes, da revista Carta Capital, afirma que não é permitido posicionamento político dentro das redações, “a não ser, veladamente, a favor do PSDB”, critica. A jornalista conta que ser tucano é tolerado ou se faz vista grossa, até porque, segundo ela, como o “tucanato” vive em cima do muro, a pessoa pode fingir que está sendo imparcial.

“O problema dentro de várias redações é ser petista ou de esquerda”, afirma Cynara. “Já vi gente ser demitida porque o jornal achou que era ‘petista demais’. Nunca vi alguém ser demitido por ser ‘tucano demais’. Não posso dizer que sofri com pressões de partidos, mas é conhecido dentro das redações que um político do PSDB costuma ligar diretamente para a direção dos jornais quando não gosta de uma matéria a seu respeito”, sustenta.

Então quer dizer que existe censura, ainda, nos dias atuais? Ou isso não pode ser classificado como tal? Mitre, que também é comentarista político no Jornal da Band, entrevistador do Canal Livre, na TV Bandeirantes, e apresentador da coluna A Notícia, na Bandnews TV, afirma que não há, hoje, casos de censura no Brasil, tampouco autocensura, algo que ele classificou como altamente inaceitável.

“O que você tem é responsabilidade na produção das matérias. Uma matéria precisa estar tecnicamente correta para ser divulgada. Isso não é censura, são aqueles preceitos técnicos que você tem que considerar quando está preparando a matéria. Censura, jamais.”

Nesse caso, o professor Romano, da Unicamp, tem outra opinião. Para ele, ainda existe censura em demasia. “Você tem aí, inclusive, uma autocensura que muitas vezes vem da falta de conhecimento da extensão do problema que está sendo abordado. A pessoa, ao invés de colocar a ‘luz’ sob os pontos que são mais estratégicos, ela a coloca em pontos superficiais. E isso é muito grave”, classifica o filósofo.

Assim, entra na roda da discussão um novo problema: a autonomia que, por vezes, é dada aos jornalistas que estão no início de carreira e até que ponto isso contribui para o desenvolvimento profissional do jovem repórter, sem ferir a integridade da notícia. O jornalista e blogueiro Luis Nassif, apresentador do Brasilianas.org, na TV Brasil, conta que é um vício das empresas de comunicação colocar na “ponta” da reportagem o jornalista iniciante.

“Daí o sujeito vai lá. Ele vai ter que, em uma hora, entender o tema geral, o tema específico e o que é relevante. Nesse modo de produção ele define o que é relevante na fonte. Então ele chega lá, pega dez informações e joga sete fora, sem ter discernimento para isso. E é aquele negócio: ele joga fora e ninguém sabe, a não ser ele e a fonte, o que ele pegou de informação e o que ele aproveitou”, completa.

Voltando à questão da censura, Nassif recorda que sofreu dois ataques da revista Veja quando criticou Daniel Dantas – banqueiro acusado de uma série de fraudes no setor de telefonia. “Cada ataque veio com oito páginas de publicidade escancarada de empresas dele. Depois disfarçaram”, lembra o jornalista, e acrescenta que naquele momento a Folha de S. Paulo (jornal em que trabalhava) o deixou na mão.

Ou seja, para Nassif, a pressão maior vem dos grupos econômicos, que facilitam o acesso dos jornais ao mercado publicitário e/ou de capitais. Na mesma linha de raciocínio, Cynara garante que o jornalista é “tudo” na cobertura de assuntos políticos, pois, segundo ela, é ele quem pauta e dá o “tom” da matéria. “O problema é que este tom depende muito do que o jornal deseja veicular”, alerta.

A propósito das fontes, Roberto Romano afirma que é preciso ter uma relação de respeito com esses portadores de informação, caso contrário, o vínculo pode se transformar numa relação de chantagem, autoritarismo ou irresponsabilidade. Sobre a afirmação, Luis Nassif cita exemplos reais, ocorridos com ele e um colega:

De acordo com Fernando Mitre, a relação do jornalista com a fonte não pode ser pessoal e sim, cuidadosa, uma vez que com ela é trabalhada a informação de interesse público, lembrando que a fonte também pode agir de má fé. “Deve-se tomar muito cuidado para não ser usado pela fonte. Se for uma pessoa interessada, você tem que saber fazer a triagem disso. É uma fronteira muito delicada”, destaca o diretor.

Segundo Cristiana Lôbo, o Jornalismo Político está num ponto alto e precisa ser melhorado no sentido de ampliar, cada vez mais, a cobertura. “É preciso revelar ao cidadão, ao contribuinte, aonde vai cada centavo que ele paga de impostos. Muitas vezes acontecem coisas na política (nomeações de pessoas para órgãos do governo ou empresas públicas) com o interesse, apenas, de ampliar espaço financeiro dos partidos. Este é um aspecto que a imprensa não consegue revelar tal como ocorre”, ressalta.

Romano propõe que a cobertura política está carente de investigação, presa a comportamentos e fontes, e a modos de analisar os problemas, “que são caducos já”, salienta. “O jornalista analisa sem fazer uma extensa investigação sobre o que está acontecendo de verdade”. Por último, Cristiana alega que a política deixou de ser uma forma de buscar soluções para os conflitos da sociedade, passando a ser negócio de protagonistas. E isso, para ela, necessita ser delatado pela mídia.

Saiba mais
Lealdade ao interesse público

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Documentário estreia em novembro http://cobertura.jor.br/documentario-em-video/ http://cobertura.jor.br/documentario-em-video/#comments Thu, 24 Oct 2013 12:47:12 +0000 http://skybi.com.br/cobertura/?p=474 O lançamento do documentário em vídeo, um dos cinco produtos que integram o trabalho de conclusão de curso da equipe, dirigido por Fabiana Barrios, está previsto para a última semana de novembro. O Cobertura divulga com exclusividade o trailer da produção. Confira:

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O lançamento do documentário em vídeo, um dos cinco produtos que integram o trabalho de conclusão de curso da equipe, dirigido por Fabiana Barrios, está previsto para a última semana de novembro. O Cobertura divulga com exclusividade o trailer da produção. Confira:

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