Cobertura » Reportagem http://cobertura.jor.br Sat, 14 Mar 2015 12:41:58 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=3.9.40 Ruídos e vantagens na comunicação http://cobertura.jor.br/ruidos-vantagens-comunicacao/ http://cobertura.jor.br/ruidos-vantagens-comunicacao/#comments Fri, 01 Nov 2013 11:04:54 +0000 http://skybi.com.br/cobertura/?p=536 “Ética é o conjunto de valores e princípios que você e eu usamos para decidir as três grandes questões da vida, que são: quero, devo e posso. Isso é ética. Quais são os princípios que eu uso? Tem coisa que eu quero, mas não devo. ...

The post Ruídos e vantagens na comunicação appeared first on Cobertura.

]]>
“Ética é o conjunto de valores e princípios que você e eu usamos para decidir as três grandes questões da vida, que são: quero, devo e posso. Isso é ética. Quais são os princípios que eu uso? Tem coisa que eu quero, mas não devo. Tem coisa que eu devo, mas não posso. Tem coisa que eu posso, mas não quero. Quando você tem paz de espírito? Quando aquilo que você quer é o que você pode e é o que você deve.”

O filósofo e professor Mario Sergio Cortella, em entrevista ao Programa do Jô, na Rede Globo, utilizou estas palavras para definir ética, conceito presente na vida de todos, o qual está, especialmente, ligado ao bom desempenho da função do jornalista. Até porque investigar e checar, desconfiando da primeira informação que aparece, mesmo que esta seja a oficial, faz parte do “faro” jornalístico e não pode ser deixado de lado.

Porém, como se aproximar do governo e seus integrantes sem tomar “partido”? Será que o jornalista político se torna refém da sua fonte ou não há conflito de interesses? Para o professor de Ética e Filosofia Política da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Roberto Romano, há, sim, muito interesse.

“Na verdade isso é quase iminente em toda profissão, mas no Jornalismo Político mais ainda, porque você pode mexer com a ideologia do próprio jornalista, sua preferência política e a dependência econômica da empresa na qual ele trabalha etc.”, explica. “Então, o conflito de interesses, que se em toda profissão é uma coisa a se evitar ou, pelo menos, identificar, no caso do jornalismo é mais perigoso ainda”.

E Romano defende a existência da ética no Jornalismo Político, uma vez que ser ético não necessariamente significa ser correto:

Falando em preferência política, o jornalista Fernando Mitre, diretor nacional de Jornalismo da Rede Bandeirantes, acredita que a maior parte da imprensa está de um lado. “A mídia, em sua maioria, nesses últimos anos, apoiou claramente um lado da política brasileira, que foi o lado liberal. Em 1989 era uma coisa horrorosa a posição da imprensa contra o Lula. Eles tinham pavor do Lula. Ali era mais do que partidário, era engajado e, de certo modo, um aspecto forte desse tempo se mantém nos grandes jornais”, reconhece.

A jornalista Cristiana Lôbo, apresentadora do Fatos e Versões, na GloboNews, lembra que o bom repórter deve manter a isenção na cobertura. Já o analista, o comentarista, pode e deve avançar um pouco mais. “Criticar quando for o caso – aí, todos os atores da política e não só governo ou oposição. O Brasil, hoje, no entanto, está bastante dividido entre os que apoiam o governo e os que são contra; e esse racha se verifica também em setores da imprensa.”

Contudo, Cynara Menezes, da revista Carta Capital, afirma que não é permitido posicionamento político dentro das redações, “a não ser, veladamente, a favor do PSDB”, critica. A jornalista conta que ser tucano é tolerado ou se faz vista grossa, até porque, segundo ela, como o “tucanato” vive em cima do muro, a pessoa pode fingir que está sendo imparcial.

“O problema dentro de várias redações é ser petista ou de esquerda”, afirma Cynara. “Já vi gente ser demitida porque o jornal achou que era ‘petista demais’. Nunca vi alguém ser demitido por ser ‘tucano demais’. Não posso dizer que sofri com pressões de partidos, mas é conhecido dentro das redações que um político do PSDB costuma ligar diretamente para a direção dos jornais quando não gosta de uma matéria a seu respeito”, sustenta.

Então quer dizer que existe censura, ainda, nos dias atuais? Ou isso não pode ser classificado como tal? Mitre, que também é comentarista político no Jornal da Band, entrevistador do Canal Livre, na TV Bandeirantes, e apresentador da coluna A Notícia, na Bandnews TV, afirma que não há, hoje, casos de censura no Brasil, tampouco autocensura, algo que ele classificou como altamente inaceitável.

“O que você tem é responsabilidade na produção das matérias. Uma matéria precisa estar tecnicamente correta para ser divulgada. Isso não é censura, são aqueles preceitos técnicos que você tem que considerar quando está preparando a matéria. Censura, jamais.”

Nesse caso, o professor Romano, da Unicamp, tem outra opinião. Para ele, ainda existe censura em demasia. “Você tem aí, inclusive, uma autocensura que muitas vezes vem da falta de conhecimento da extensão do problema que está sendo abordado. A pessoa, ao invés de colocar a ‘luz’ sob os pontos que são mais estratégicos, ela a coloca em pontos superficiais. E isso é muito grave”, classifica o filósofo.

Assim, entra na roda da discussão um novo problema: a autonomia que, por vezes, é dada aos jornalistas que estão no início de carreira e até que ponto isso contribui para o desenvolvimento profissional do jovem repórter, sem ferir a integridade da notícia. O jornalista e blogueiro Luis Nassif, apresentador do Brasilianas.org, na TV Brasil, conta que é um vício das empresas de comunicação colocar na “ponta” da reportagem o jornalista iniciante.

“Daí o sujeito vai lá. Ele vai ter que, em uma hora, entender o tema geral, o tema específico e o que é relevante. Nesse modo de produção ele define o que é relevante na fonte. Então ele chega lá, pega dez informações e joga sete fora, sem ter discernimento para isso. E é aquele negócio: ele joga fora e ninguém sabe, a não ser ele e a fonte, o que ele pegou de informação e o que ele aproveitou”, completa.

Voltando à questão da censura, Nassif recorda que sofreu dois ataques da revista Veja quando criticou Daniel Dantas – banqueiro acusado de uma série de fraudes no setor de telefonia. “Cada ataque veio com oito páginas de publicidade escancarada de empresas dele. Depois disfarçaram”, lembra o jornalista, e acrescenta que naquele momento a Folha de S. Paulo (jornal em que trabalhava) o deixou na mão.

Ou seja, para Nassif, a pressão maior vem dos grupos econômicos, que facilitam o acesso dos jornais ao mercado publicitário e/ou de capitais. Na mesma linha de raciocínio, Cynara garante que o jornalista é “tudo” na cobertura de assuntos políticos, pois, segundo ela, é ele quem pauta e dá o “tom” da matéria. “O problema é que este tom depende muito do que o jornal deseja veicular”, alerta.

A propósito das fontes, Roberto Romano afirma que é preciso ter uma relação de respeito com esses portadores de informação, caso contrário, o vínculo pode se transformar numa relação de chantagem, autoritarismo ou irresponsabilidade. Sobre a afirmação, Luis Nassif cita exemplos reais, ocorridos com ele e um colega:

De acordo com Fernando Mitre, a relação do jornalista com a fonte não pode ser pessoal e sim, cuidadosa, uma vez que com ela é trabalhada a informação de interesse público, lembrando que a fonte também pode agir de má fé. “Deve-se tomar muito cuidado para não ser usado pela fonte. Se for uma pessoa interessada, você tem que saber fazer a triagem disso. É uma fronteira muito delicada”, destaca o diretor.

Segundo Cristiana Lôbo, o Jornalismo Político está num ponto alto e precisa ser melhorado no sentido de ampliar, cada vez mais, a cobertura. “É preciso revelar ao cidadão, ao contribuinte, aonde vai cada centavo que ele paga de impostos. Muitas vezes acontecem coisas na política (nomeações de pessoas para órgãos do governo ou empresas públicas) com o interesse, apenas, de ampliar espaço financeiro dos partidos. Este é um aspecto que a imprensa não consegue revelar tal como ocorre”, ressalta.

Romano propõe que a cobertura política está carente de investigação, presa a comportamentos e fontes, e a modos de analisar os problemas, “que são caducos já”, salienta. “O jornalista analisa sem fazer uma extensa investigação sobre o que está acontecendo de verdade”. Por último, Cristiana alega que a política deixou de ser uma forma de buscar soluções para os conflitos da sociedade, passando a ser negócio de protagonistas. E isso, para ela, necessita ser delatado pela mídia.

Saiba mais
Lealdade ao interesse público

The post Ruídos e vantagens na comunicação appeared first on Cobertura.

]]>
http://cobertura.jor.br/ruidos-vantagens-comunicacao/feed/ 2
Desinteresse político: uma pandemia* http://cobertura.jor.br/desinteresse-politico-uma-pandemia/ http://cobertura.jor.br/desinteresse-politico-uma-pandemia/#comments Mon, 21 Oct 2013 13:06:35 +0000 http://skybi.com.br/cobertura/?p=355 Como não querer saber sobre política se ela é uma realidade na vida de qualquer pessoa? O Jornalismo Político nada mais é do que a cobertura jornalística voltada, principalmente, às ações do poder público da sua cidade, estado e país. Isto é, tudo o que ...

The post Desinteresse político: uma pandemia* appeared first on Cobertura.

]]>
Como não querer saber sobre política se ela é uma realidade na vida de qualquer pessoa? O Jornalismo Político nada mais é do que a cobertura jornalística voltada, principalmente, às ações do poder público da sua cidade, estado e país. Isto é, tudo o que os candidatos eleitos fazem ou deixam de fazer, refletindo na sua vida profissional, pessoal, na sua cultura e até mesmo nos momentos de lazer. Na saúde, educação e na mobilidade urbana do município. Tem certeza que nada disso lhe interessa?

Uma pesquisa Ibope/Estado realizada em agosto desse ano entre 2.002 pessoas de 143 cidades do Brasil aponta que apenas 7% da população sabe do que se trata a reforma política. 34% das pessoas dizem ter pouco conhecimento sobre o assunto, enquanto 52% nada sabem e outros 7% admitem nem saber responder. Ou seja, dois a cada três brasileiros ouviram falar do assunto pela primeira vez diante do pesquisador.

A filósofa Marilena Chaui acredita que há uma presença muito forte da política no cotidiano brasileiro, “desde que você não identifique a política com o que se passa num aparelho de Estado. Se você toma o que se passa no cotidiano das cidades, o que aconteceu no posto de saúde, o que está acontecendo na escola, o que vai acontecer com o ônibus, isso tudo são questões políticas, ligadas ao modo como o espaço público se realiza e organiza. Então você tem uma população voltada para isso”, afirma.

Para a filha de professora e jornalista, o que não interessa muito – salvo épocas eleitorais ou de “convulsão”, por conta de um fato específico – é a dimensão técnico-profissional da política, isso porque, segundo Marilena, a população não acredita no Poder Legislativo (deputados e senadores, que representam os estados brasileiros):

Não só os jornalistas especializados em uma determinada editoria, mas todo repórter tem o dever fundamental de produzir conteúdos qualificados, com análises bem esclarecidas e que proporcionem reflexão, para oferecer ao cidadão a capacidade de que estes formem sua própria visão crítica, com base nas informações dos meios de comunicação. A sociedade só consegue desenvolver uma opinião firme por meio de coberturas exemplares. O jornalismo não pode fazer por menos.

O jornalista Luís Mauro Sá Martino, doutor em Ciências Sociais e professor de Comunicação da Faculdade Cásper Líbero, indica que o próprio Jornalismo Político contribui para o desgaste da política e dos políticos frente à opinião pública quando deixa de lado regras básicas da profissão: “apurar, checar os fatos, conferir informações das fontes, procurar evidências etc. A busca pelo escândalo ou pela denúncia, sem apuração, é um problema do jornalismo em qualquer área, mas particularmente visível na política”, completa.

Para o jornalista e cronista Ricardo Chapola, de O Estado de S. Paulo, um dos papéis do jornalista é traduzir o mundo indecifrável para que todas as pessoas o entendam. No caso, decifrar o “politiquês”. E esse didatismo, segundo ele, está cada vez mais presente nas redações. “É verdade que o jornalismo, a parte de política, guarda esses jargões jurássicos. Mas é triste ver jornalista que não sabe ser didático”, reprova.

Como exemplo, Chapola lembra-se do termo “embargo infringente” – tipo de recurso, exclusivo da defesa, que questiona pontos de discordância e falta de unanimidade em um julgamento – bastante utilizado quando se fala do processo do mensalão, já que possibilita o réu solicitar a revisão da decisão tomada pela Corte. “O jornalista é obrigado, pelo menos no primeiro parágrafo, a explicar isso de forma descente para o leitor entender”, destaca o repórter.

E continua: “Ele pode colocar embargo infringente no título, na linha fina (subtítulo); mas no lead (primeiro parágrafo da matéria) explique o que é, se não, sem entender, quem vai ler?”, questiona. Além disso, o jornalista do Estadão também ressalta que a função social do comunicador é trazer para os “holofotes” assuntos que os políticos escondem, pois tudo o que é de interesse público, deve vir a público.

“O político tem que prestar contas para a sociedade, até porque foi ela quem os elegeu. Se isso não acontece é papel da imprensa mostrar o que os políticos estão fazendo e porque não estão prestando contas do dinheiro que você paga para eles, tanto no Executivo, quanto no Legislativo e no Judiciário. Isso é cidadania. É fazer valer o papel de cidadão da pessoa que não é jornalista”.

Em comparação, Martino adverte para o uso adequado das linguagens mais próximas ao cotidiano. Para o doutor em Ciências Sociais, sua utilização descuidada pode causar a perda de elementos essenciais, alterando o significado da mensagem. “Nesse sentido, especializações acadêmicas podem contribuir para a formação do jornalista dessa área, evitando erros na cobertura e auxiliando na prática”, recomenda.

Sobre os espaços destinados à política nos veículos de comunicação, Ricardo Chapola defende a importância, uma vez que essa editoria aborda o interesse de todos:

No entanto, segundo a jornalista Cynara Menezes, da revista Carta Capital, a cobertura política de Brasília, hoje, é o carro-chefe dos veículos, o que não é bom. Para ela, outras editorias também deveriam ser manchete nos jornais. “Por que não uma manchete de cultura, por exemplo? Por que as manchetes têm que ser sempre ‘sérias’ e, em geral, más notícias? Dizem que a má notícia vende, mas se os jornais não estão vendendo, talvez fosse a hora de rever estes conceitos”, observa.

A jornalista Cristiana Lôbo, da GloboNews, avalia a política como desinteressante para o grande público nos dias atuais. Mas, segundo a apresentadora do Fatos e Versões, “estamos vendo, a cada ano, a ampliação dos espaços para a cobertura política, não só nos jornais impressos, como também pelas emissoras de televisão, sobretudo na chamada TV fechada, e aos poucos o tema vai ganhando mais leitores e/ou telespectadores interessados”.

Contudo, Marilena Chaui sugere que o Jornalismo Político está fadado ao desinteresse da população. A filósofa adverte que para atrair mais pessoas “seria preciso que ele fosse jornalismo de verdade, e que o compromisso fosse com a sociedade, com os cidadãos e com os princípios da democracia”. De acordo com ela, “o jornalista está aprisionado porque é assalariado de uma empresa. Então, por mais que ele tenha compromisso democrático e procure exercê-lo, a ação dele tem limite, que é o que a empresa impõe a ele como assalariado”.

Luís Mauro Sá Martino, por sua vez, afirma que em vários outros países há uma crescente preocupação com o desinteresse da população por assuntos políticos – não só no Brasil – e assegura que o interesse é localizado, apenas, em alguns momentos, mas não inexistente. O professor menciona o melhor aproveitamento das plataformas midiáticas, especialmente a internet, como provável redução desse problema.

“Não existe fórmula para atrair o grande público, porém uma tendência apontada por pesquisadores como John Street, Thomas Meyer e Liesbet Van Zoonen sugere a intersecção entre a política e as linguagens da mídia, a fim de alcançar o espaço público”, conclui. Ou seja, a atratividade por meio de linguagens didáticas e novas formas de disponibilizar a informação em sites e blogs, com textos, fotos, vídeos e infográficos sobre um mesmo conteúdo pode ser a solução ou parte dela, atingindo, ao menos, uma parcela do público, aquele está habituado e/ou tem acesso à internet.

* Pandemia é quando uma doença infecciosa se espalha por uma região muito grande, como um planeta, por exemplo.

The post Desinteresse político: uma pandemia* appeared first on Cobertura.

]]>
http://cobertura.jor.br/desinteresse-politico-uma-pandemia/feed/ 0
A comunicação pela exposição das ações públicas http://cobertura.jor.br/comunicacao-pela-exposicao-das-acoes-publicas/ http://cobertura.jor.br/comunicacao-pela-exposicao-das-acoes-publicas/#comments Tue, 15 Oct 2013 14:45:51 +0000 http://skybi.com.br/cobertura/?p=342 “Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.” Art. 5º, ...

The post A comunicação pela exposição das ações públicas appeared first on Cobertura.

]]>
“Todos têm direito a receber dos órgãos públicos informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.” Art. 5º, inciso XXXIII, da Constituição Federal.

Diante da lei, é clara e indiscutível a obrigatoriedade que o Estado tem de esclarecer dúvidas e prestar informações sobre tudo o que envolve a política nacional. Mas há quem diga que a realidade do cidadão não é essa. Será que a comunicação por parte desse assunto possui um nível mínimo, que ao menos serve para cumprir com o dever do jornalista?

Em Piracicaba, cidade do interior paulista, os trâmites da Câmara Municipal e da Prefeitura estão disponíveis na internet, nos sites dessas instituições. “Todo Projeto de Lei, seja de origem do vereador, prefeito ou popular, é criado e protocolado, tornando-se um documento oficial. A partir disso, todos têm direito a tê-lo e/ou manuseá-lo, por ser um documento público”, explica Sandro Silveira, ex-diretor do Departamento Legislativo da Câmara de Vereadores de Piracicaba.

Em palestra ministrada aos alunos de Jornalismo da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), Silveira afirma que todos os projetos, além de serem disponibilizados ao cidadão, também são lidos em sessão camarária, que é transmitida por diversos meios de comunicação da cidade. Mas se preferir, o munícipe pode optar por acompanhar as sessões no próprio plenário.

O plenário dos vereadores de Piracicaba, bem como as demais divisões da Câmara, é bastante pequeno quando se leva em conta que o espaço se trata de um lugar público, aberto para os interessados no desenvolvimento da política do município. Porém, a organização e funcionalidade dos setores da instituição são evidentes, com salas bem racionadas para cada grupo de colaboradores de uma mesma função.

Na sala da assessoria de imprensa, formada por 25 profissionais, entre jornalistas e estagiários em comunicação, percebe-se a dimensão do trabalho de divulgação de informações públicas diárias, em que os profissionais se atentam a escrever sobre o que interessa à população, para tornar o transparente ao máximo todas as ações dos homens públicos, responsáveis pelo desenvolvimento da cidade, sem se deter aos interesses particulares dos vereadores.

Reportagem produzida para o curso de Jornalismo da Unimep, em Junho de 2011.

The post A comunicação pela exposição das ações públicas appeared first on Cobertura.

]]>
http://cobertura.jor.br/comunicacao-pela-exposicao-das-acoes-publicas/feed/ 0
Cobertura do poder http://cobertura.jor.br/cobertura-do-poder/ http://cobertura.jor.br/cobertura-do-poder/#comments Mon, 07 Oct 2013 03:00:07 +0000 http://skybi.com.br/cobertura/?p=241 Ilustração: Carla Nardi A pergunta é: como se faz Jornalismo Político? A cobertura política tem a obrigação que todo jornalismo tem, independente da área: informar o cidadão, sempre fiel aos fatos, a fim de proporcionar reflexão e formação de opinião a respeito da própria realidade ...

The post Cobertura do poder appeared first on Cobertura.

]]>
Ilustração: Carla Nardi

A pergunta é: como se faz Jornalismo Político? A cobertura política tem a obrigação que todo jornalismo tem, independente da área: informar o cidadão, sempre fiel aos fatos, a fim de proporcionar reflexão e formação de opinião a respeito da própria realidade do leitor, ouvinte ou telespectador. O Jornalismo Político deve noticiar desde as decisões tomadas pelo poder público, até os abusos administrativos dos políticos.

Para a jornalista Cynara Menezes, da revista Carta Capital, a cobertura política no país é bem feita e por profissionais capazes. No entanto, os jornais direcionam o noticiário contra a esquerda e o PT, sob a desculpa da imparcialidade, mas na verdade para atender seus próprios interesses políticos e econômicos, descuidando de outros aspectos da cobertura.

“Pelo nível dos jornalistas que temos no Brasil, seria possível fazer um Jornalismo Político com qualidade muito maior, se não fosse exigido destes profissionais uma imparcialidade que na verdade não existe”, afirma. A jornalista Cristiana Lôbo, apresentadora do Fatos e Versões, na GloboNews, assegura que não existe um órgão de imprensa habituado em assumir apoio a este ou àquele candidato.

Porém, a acompanhante confessa da política brasileira há mais de 30 anos lembra que isso já ocorreu com o jornal O Estado de S. Paulo (nas eleições municipais do ano passado, o Estadão publicou um editorial declarando apoio ao José Serra) e também com as Organizações Globo – o projeto Memória da TV Globo recentemente reconheceu que foi um erro ter apoiado o Regime Militar.

“Por parte dos jornalistas, independentemente das empresas para as quais trabalham, há um esforço diário para tratar a notícia com imparcialidade. Mas há que se reconhecer que, pelas redes sociais a coisa é bem diferente”, explica Cristiana, que também comenta sobre os “blogs independentes” (sem ligação com empresas de comunicação), os quais, segundo ela, são inclinados a um lado ou outro, na maioria das vezes para o sentido do governo, “que é quem tem a caneta e os recursos”.

O jornalista e cronista Ricardo Chapola, de O Estado de S. Paulo, defende que alguns veículos fazem melhores coberturas que outros, entretanto, poderia ser bem melhor em todos eles. “Mas aí a gente esbarra numa série de problemas, não editoriais, mas a falta de espaço, por exemplo, no caso do jornal impresso”, expõe o jovem, que com apenas 24 anos e cinco de carreira, participou da cobertura das eleições de 2010 e 2012.

“Para fazer uma cobertura legal é preciso mais espaço, e isso o jornal não tem. O jornal vem com um número de páginas fechadas por editoria e o editor precisa se virar para distribuir aquele espaço da maneira que o convém”, esclarece. Em contraponto, Cynara acredita que um dos maiores problemas que o jornalista político enfrenta é a dificuldade financeira.

Com a crise nos impressos, ela conta que os cortes são feitos justamente nas viagens, que é onde as reportagens mais rendem. “Me parece um equívoco cortar aí, porque é com matérias especiais, exclusivas que os jornais podem recuperar velhos leitores e ganhar novos”. E isso reflete, inclusive, uma das mudanças ocorridas com o Jornalismo Político de uns tempos para cá.

Cynara recorda que na década de 90 os jornalistas viajavam muito para fazer matérias especiais. “Lembro que Xico Sá, por exemplo, quando era repórter de política na Folha, foi até a Tailândia atrás de Paulo César Farias [PC Farias, tesoureiro de campanha de Fernando Collor e Itamar Franco nas eleições presidenciais de 1989] e deu um furo daqueles. Talvez hoje o jornal dissesse não ter dinheiro para bancar a viagem”.

A repórter ainda coloca em questão o método de cobertura atual, “sisudo e burocrático”, sendo que, quando trabalhou no jornal Folha de S. Paulo teve a oportunidade de produzir matérias políticas muito mais “divertidas”, método que foi se perdendo com o tempo nas redações nacionais. Ao que parece, as mudanças ocorridas na editoria política nas últimas décadas se devem, então, às próprias mudanças que o mundo todo enfrenta, sobretudo as novas tecnologias. Será?

A década de 70 foi marcada pelo regime fechado no país, em que os jornais sofriam censuras, tendo que publicar receitas em lugar de matérias (caso sucedido com o Estadão). Em 80, segundo Cristiana, a oposição ocupava espaço reduzido nos jornais, o que, aos poucos, foi mudando, à medida que a nova Constituição era divulgada. E na década de 90, a cobertura jornalística mais importante relativa à política foi o primeiro impeachment de um presidente da República eleito pelo país, Fernando Collor.

“Depois da instauração de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), instrumento que passou a existir nas regras atuais após a Constituição de 88, investigações da imprensa mostraram desvio de dinheiro público para pagar despesas pessoais do presidente. Então ele [Fernando Collor] acabou perdendo o mandato”, pontua Cristiana.

Mas a história do Jornalismo Político brasileiro teve início bem antes, logo após a ditadura de Getúlio Vargas (1937 a 1945), o Estado Novo. Esse período foi considerado o penúltimo não-democrático. Depois disso os jornais passaram a informar tudo o que acontecia no Congresso Nacional. Porém, em 1950 Vargas foi eleito novamente, dessa vez por meio do voto, e foi quando o Jornalismo Político se tornou mais independente, porém, nada imparcial.

O historiador Boris Fausto, no livro Jornalismo Político, conta que com o suicídio de Vargas, em 1954, as pessoas saíram às ruas, sensibilizadas, e queimaram os caminhões carregados com a edição do jornal O Globo, que era declaradamente contra o presidente. Cinco anos antes havia surgido, também, o jornal Tribuna da Imprensa, de Carlos Lacerda, que tinha objetivos particulares, como divulgar suas próprias opiniões.

Com isso, o jornalista sofreu um atentado e quase foi assassinado. Mais tarde, em dezembro de 1968, após três anos do governo Castello Branco, o Congresso Nacional escolheu o Marechal Costa e Silva como novo presidente. Nesse período foi instaurado o AI-5 (Ato Institucional Nº 5), e com ele a mais forte censura da história da imprensa, episódio que perdurou até meados de 1979.

Todavia, um problema de saúde fez Costa e Silva se afastar do cargo, dando lugar ao General Garrastazu Médici, em 1969. Sobre a repressão neste período, Claudio Abramo, na época jornalista da Folha de S. Paulo, descreve no livro A regra do jogo que “de 1969 a 1972 a Folha atravessou um período negro, em que não havia espaço político algum no jornal. Na verdade, o jornal não tinha condições de resistir à pressão do governo, e por isso não provocava”.

Em outubro de 1975, o jornalista e diretor da TV Cultura, Vladimir Herzog, foi até o DOI-CODI (Departamento de Operações de Informações e Centro de Operações de Defesa Interna) de São Paulo para prestar depoimento a respeito de sua ligação com o PCB (Partido Comunista Brasileiro). Lá foi duramente torturado até a morte, deixando mulher e dois filhos, mas na época o atestado foi registrado como suicídio. (A família recebeu o documento corrigido 38 anos depois, em março desse ano).

Para Cristiana Lôbo, da GloboNews, um comunicador não enfrenta muitas dificuldades nos dias atuais para conseguir noticiar os fatos políticos. Embora ache que o governo do momento é bastante fechado, o Congresso é aberto e transparente. Porém, ela alerta para o caso do ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que ainda hoje critica os meios de comunicação e defende sua regulamentação.

“A relação dele com a imprensa é tão desgastada que se nega a dar entrevistas a qualquer jornal ou emissora. Desde que deixou a presidência, Lula deu entrevista ao jornal Brasil Econômico, cujo proprietário tem relações pessoais com o PT, e, recentemente, a jornais dos sindicatos, além de ter falado com a revista Valor Econômico”, lembra.

Sobre a atual governante, a apresentadora enfatiza que ela pouco fala com jornalistas. “Por estilo próprio, a presidente não gosta quando uma informação vaza para a imprensa antes da divulgação oficial. Há casos em que ela recua da decisão por conta disso”, continua Cristiana, que vê essa deficiência não apenas no mandato Dilma, mas em todos os que sucederam com esse grupo no poder.

The post Cobertura do poder appeared first on Cobertura.

]]>
http://cobertura.jor.br/cobertura-do-poder/feed/ 3